terça-feira, 22 de março de 2011

Relatos de Anny - V

 É domingo. Desde ontem meus pais ligaram pedindo para que fosse lá para o almoço hoje. Embora  tenha aceitado não fui. Sempre saio com um pouco menos de moral em cada almoço de família. Não pelo modo que minha velha cozinha, nem pelo modo que fofocam, mas sim pelo fato de que meu pai é dependente do etílico. Sempre diz que não irá beber, e no fim acabar por estar embriagado, soltando palavras horríveis direcionadas a minha mãe,  e tantas vezes a agredindo. Por este motivo, perco a vontade de viver sozinha por dó de ver minha mãe naquele inferno e chamo-a para vir viver comigo, mas em seu ego santo ela tudo aceita por amor a ele e para não tirar minha antes tão sonhada liberdade.
 Passei a manhã sentada no mesmo canto do sofá, com o cinzeiro se enchendo a cada lembrança que eu tinha. Sim, por curiosidade em mais nova, tomei como calmante o tragar, que sei ser meu passaporte de menos anos neste mundo, mas não sei como desembarcar. Continuando, a tarde coloquei o telefone no gancho, esperando que 'alguém' me ligasse. E ligaram. Ele me ligou, me desejando um bom domingo, e dizendo que me amava, alegrando minha tarde.
  Agora é noite. Como que de contra ao comum, hoje a cidade teima em não dormir. Mas neste caso, meus olhos já estão um tanto quanto cansados de olhar essas paisagens doentis tão sem cor. E não é o barulho que atrapalha meu sono, ou melhor, é ele que faz com que eu tenha ainda mais. É um fato: a convivência com o caos, a destruição, te tornas uma dependente da infelicidade e do que não é bom para se acalmar e adormecer. Agora o sono ficou mais forte, e não sei se poderei terminar essa frase e ...

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