segunda-feira, 2 de maio de 2011

A sociedade contemporânea delira em sua febre de 40 graus.

Ela era igual a todo mundo, mas ao mesmo tempo não era como ninguém. Ela sonhava em dançar sobre os candelabros daquele local mórbido, como ela queria uivar como um cão em noite de lua cheia pra tirar da monotonia o amor de hoje! Ela queria se sentir chuva, por isso se jogava, caía e dizia ser indispensável para o crescimento. Ela era alma, e alma ela era. Ela sorria ao vento porque acreditava que se cada brisa fosse contemplada com seu sorriso, elas levariam a felicidade aos quatro cantos. Para os de fora, ela parecia falar sozinha. Mas ela sabia que falava com o tempo, e pedia pra ele diminuir sua velocidade e a deixar viver. Ela não vivia sobre a pressão de regras da sociedade, não tinha sequer um deus. Política? Ela diria que a única forma de fazer política é convencendo o rio a mudar seu percurso. E por causa disso, por ser assim, por ignorar o ser como ele é, por ser tão sonhadora e por trazer seus sonhos a vida real, ela foi considerada insana. E foi colocada em um sanatório de vigia intensiva, junto com outros da sua ‘doença’. Mas ela continua lá dentro sorrindo para o vento, se jogando e falando sozinha, porque ela sabe que se pode cultivar a felicidade em qualquer canto, basta que estejamos nele. E enquanto ela festeja em sua prisão, os que realmente mereciam estar presos, porque passam a perna em cidadãos inocentes, porque corrompem as ‘leis’ ditas como tão importantes, estão soltos, e são vistos por todos como novos salvadores, e eles querem mais espaço, e vão comprando seus ‘ pedacinhos do céu’. E junto com eles, soltos estão assassinos, meros animais que pensam, mas só pensam besteiras, verdadeiras palavras-bombas. Mas nossos olhos tendem a se acostumar com tal flagelo: a felicidade é aprisionada, e o perigo corre solto por aí. Esse mundo de sãos tão insanos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário