segunda-feira, 2 de maio de 2011

Relatos de Anny - VI

Quanto tempo com a vida em monotonia! Semanas passaram, meses também. Ainda estou com ele, mas talvez ele não me queira como antes. Mas como dizia Niet, é preciso viver uma vida sem máscaras e aproveitar o instante. Fim de semana passado fui à casa de meus pais, e de surpresa, encontrei desorganização. Mamãe foi viajar e meu pai nunca foi um marido ideal. A louça empilhada, os copos sobre a raque. Ah! Se minha velha visse isso! Mas ela não vê, e pra não deixá-la ver quando chegasse, dei uma rápida organizada, enquanto meu pai, típico paulistano, bebia (desta vez, moderadamente) e esticava seus pés sobre a mesa de centro. O que poderia eu dizer se deixei aquele lugar tão cedo? Parei por um segundo com a vassoura nas mãos e me coloquei a lembrar das vezes em que minha mãe, tão insistente, queria que eu lavasse a louça. Eu sempre recusava. Mal imaginava que aquela era a melhor coisa que eu teria pela frente a ponto de recusá-la. Quando somos da idade de nossos pais quando mais novos, vemos que o mundo é muito pior do que um pedido de ajuda. Claro, que se esse pedido for para se saciar a fome ou frio, o mundo não pode oferecer algo pior. Mas, agora já me esqueço do mundo (não deveria fazê-lo) e me vejo de novo ali, varrendo. Deve ser inata a minha capacidade de querer complicar coisas ditas como simples. Se é algo que me qualifica ou danifica, aí não posso dizer. Aproveitei e olhei no relógio, -- Meu pai, as horas não são aviões, mas como voam!-- Disse rindo, provocando também um riso em meu pai – às vezes acho que você não cresceu Annyzinha—ele disse. Aquilo foi a gota d’água! Há mais de dez anos ninguém me chamava assim. Annyzinha! Lembrei-me da época dos choros pra ir aos parques de diversões, o divertido algum doce azul, que na realidade eu só comprava pelos brindes. Eram tantas as coisas feitas que nem reticência suportaria a todas! Depois disto, me sentei no sofá ao lado do meu velho – os anos passaram rápido demais pai, mas o senhor ainda é o mesmo chato de galocha – rimos, ganhei um beijo na testa e saí porta a fora depois de um tchau, já ficava tarde e eu tinha minhas obrigações. Cheguei em casa e fui olhar a secretária eletrônica, e, dito e feito: ele tinha deixado um recado. No que diz, devo encontrá-lo hoje em um restaurante que há embaixo de um pontilhão desativado. Ele conhece meus gostos, mesmo que não me ame como antes, ele ainda é o mesmo de antes. E eu, o amo como antes. Vou vê-lo, mas não vou me arrumar, assim, quem se importa se eu for como estou? Agora vou sair de casa, e as melosidades não me definem. Então, paro de narrar meu dia (sei que eles viram sempre narrações) bem aqui.

6 comentários:

  1. "..Quando somos da idade de nossos pais quando mais novos, vemos que o mundo é muito pior do que um pedido de ajuda..."

    Lembranças...
    Já tive dias assim.

    Belo blog.
    Seguindo. ^^

    ResponderExcluir
  2. A Anny foi criada pra ser o espelho de que um dia toda menina crescida, ou mulher, já foi! obrigaada! beijos!

    ResponderExcluir
  3. Lindo, lindo texto *-*

    Eu sigo seu blog, segue o meu?
    http://afelicidademeacompanha.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  4. Obrigada querida *-*

    beijos, sigo sim!

    ResponderExcluir
  5. sinceramente amei seus posts , incriveis e reflexivos. já estou seguindo concerteza .
    se puder visita o meu >>http://missctheblog.blogspot.com/
    comenta,segui,elogia,critica ou deixa um simples oi ;
    vou amar recebe-lá ;
    Cinthya Castro ;

    ResponderExcluir
  6. Obrigada querida *-*
    Tudo o que aqui posto vem do coração por isso acabam trazendo a sensação de estarmos conversando com o texto, sentindo ele.
    Beijos, Seguirei sim querida.

    ResponderExcluir