segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Relatos de Anny- VII

Hoje tive um dia cansativo. Tirei-o para organizar minhas coisas. E por amor a causas e coisas perdidas, meu apartamento se tornou um verdadeiro depósito de achados e perdidos. Minha compulsão por gastos pequenos e coisas inúteis... Aa, único vício a qual me submeto. Mas voltando a desorganização, tal era esta que mal podia caminhar quando esvaziei as estantes. Aqueles amuletos, livros antigos e desprezados, dicionários de línguas mortas, orixás, e olhe só: uma caneta-tinteiro que há tempos achei ter perdido. O humor estava todo em relembrar as compras e trocas, e o desânimo chegou junto com a primeira prateleira para arrumar. Mas desistir eu não iria, ou senão teria que dividir meu espaço com milhares de objetos seculares sobre a cama, o sofá e todo o chão. Não, eu teria que arrumar. E ainda, hoje a tarde ele iria vir. Com a promessa de trazer-me um de seus poemas( agora se dedicara a estudos literários), ele dissera que passaria algumas horas comigo a noite. Há uma semana não o encontrava, as coisas amornaram de tal forma entre nós que entre soluços passei todos os dias. Ele se tornara frio, distante. De certa forma, eu comecei a odiar seu lado literato. Agora, ele tinha mais que uma paixão. E eu tinha uma certa dúvida de qual seria maior. Uma dúvida que pendia para uma resposta, e não constava meu nome nela. Mas ele ainda me visitava, e isso mantinha por alguns minutos por dia o meu sorriso. Era por ele, sempre foi por ele. E agora, estou aqui deitada. Ele já veio. Tudo já estava organizado quando ele chegou. Ele não reparou nas mudanças, só falava de gramática e sentimentos abstratos, que nem perto chegou qualquer raça dos Sapiens Sapiens de sentir. Seu modo de escrita era persuasivo, parecia que ele tinha sentido tudo. Mas eu bem sabia, que ele tinha era imaginação, e não experiência. Agora, eu que não tenho nem uma nem outra, começo a ter algo, uns conhecem como sono. Boa noite, leitores de meu dia-a-dia. Boa noite criadora.                                                                                

Um comentário:

  1. O tempo em sentido literal não existe.
    Afastamo-nos e somos afastados.


    P.S.: Um vício: Organização sistemática. Ao menos tentativas contínuas.
    Assinado: Aquele que não existe.

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