domingo, 18 de março de 2012

Relatos de Anny - IX

Porque o homem é um ser tão frágil e devastador? Acaba por parecer que ter tempos de felicidade é proibido, e que sorrir deveria ser um pecado, principalmente para mim, que pouco o faço. Desculpe, humanidade. Mas todo meu medo e frio estão me fazendo delirar, a dor é forte demais. Tudo acabou ontem. Ele me pediu para que saísse, que fôssemos à um parque próximo. Eu estava animada como nunca antes, era raro sairmos, e eu cheguei a pensar que estaríamos melhorando. Mas não. Quando cheguei ele estava ao canto, com um olhar vazio, distante. Não era ansiedade, era ânsia, medo. E não demorou muito para que ele me dissesse que tudo acabava ali. Não perguntei o motivo, eu já sabia o suficiente, não seria necessário me ferir mais. Saí, e quando longe já estava lhe gritei para que crescesse, e que de nada adiantaria ser poeta se ele continuasse sem qualquer sombra de sentimento. Ele nada disse, eu só vi em seus olhos uma expressão de raiva e tristeza, mas nenhuma, nenhuma de arrependimento. Fui caminhando sem rumo, perdendo-me dentre vielas desconhecidas. Eu não queria taxi, eu queria um buraco. Eu cheguei a pensar que não o amava como antes, mas foi só ver que eu o tinha perdido para entender que ele sempre foi indispensável. A noite fechada, a lua escondida. Me sentei abaixo de uma banca fechada. Meus olhos ardiam, meu coração saltava e minha cabeça doía. E as lágrimas, cortavam quando caíam. Eu senti tanto ódio de mim por ter sido tão fria, por ter imposto tantas regras a mim mesmo. Enquanto todos sorriam em seu mundo descontrolado, de extremos e risos, eu ali chorava. Eu que sempre tive tanto zelo, eu que sempre me regrei no amor. Mas quem sabe eu precisasse ter me dedicado mais à ele, ter lhe demonstrado mais amor. Eu o perdi, e os motivos se tornam palavras que rodeiam minha mente. Eu não podia continuar no silêncio. Me levantei e continuei andando, custando a se aproximar de meu apartamento. Meu rosto antes pintado agora manchado pela força de minhas mãos e do choro. O guarda do apartamento me perguntou o que havia acontecido, não tive forças nem vontade para responder... Somente subi, e me tranquei. Minha raiva me fez lançar as fotos nossas em molduras nas paredes... Tudo porque um homem um dia havia dito que só me abandonaria quando ele visse que eu precisasse. E foi isso que eu demonstrei, e ele se foi. E o que eu mais preciso, é que ele volte. Que o tempo volte, e que não doa como dói. Porque eu não sei se posso suportar por muito tempo.

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